sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Entrevista com a autora Samila Lages


Esta semana o Ricardo Haseo, entrevista a escritora amapaense Samila Lages. Formada em administração, autora de várias fanfics e dos livros “A Lenda de Fausto” e “Botos, Sátiros e Dragões”. Conheça um pouco mais sobre ela e seu estilo literário tão peculiar.




Ricardo Haseo: Fale um pouco sobre você, quem é Samila Lages?

Samila Lages: Eu sou uma nerd. Eu sou apaixonada por alguns aspectos bem específicos da cultura pop: os videogames de fantasia, o RPG e as animações e quadrinhos japoneses (animes e mangás). Acho que isso ajuda a definir muito do que eu sou. Nasci no Amapá, curto metal e música folk, tenho de 24 anos, formada em administração e viciada em chás ingleses.

Ricardo Haseo: Em que momento da sua vida e por qual motivo você decidiu torna-se autora? 

Samila Lages: Entre os 14-15 anos, quando entrei no ensino médio. Foi nessa época que tive meu primeiro contato com o gênero japonês yaoi (um gênero voltado ao público feminino, escrito principalmente por mulheres e que aborda o relacionamento amoroso entre rapazes) e com o universo das fanfics. Para quem não sabe, as fanfics são textos amadores, escritos por fãs que geralmente se baseiam em obras já existentes (como séries, livros e filmes, ou no meu caso, animes e mangás) publicados na internet. Foi dentro desse universo que eu comecei a escrever, por hobby e paixão. Creio que iniciei A Lenda de fausto com 17 anos, na época ainda existiam poucos sites de fanfics, e era uma literatura bem marginalizada, por isso, jamais me passou pela cabeça que eu estaria escrevendo um livro; aquilo era apenas diversão até então, mas a recepção das pessoas foi muito boa, e dentre os comentários que eu recebia, era comum alguém dizer: “você já pensou e transformar isso num livro? Seria ótimo!”. Foi esse tipo de comentário que me fez começar a sonhar em um dia publicar um livro físico.

Ricardo Haseo: A maior parte dos seus contos segue uma linha mais adulta e pode ser considerado por muitos como “pesado”, você foi muito criticada por isto? 

Samila Lages: Abertamente, só pela minha mãe, que disse não conseguiu ler A Lenda de Fausto. O fato é que meus textos tem um público que já está muito bem familiarizado com os temas maduros e polêmicos, e com a carga de erotismo presente. Na verdade, muitas vezes o público até cobra por isto. Mas claro que o livro sempre acaba sendo lido por pessoas que não conhecem o contexto e não estão “preparadas” para esse tipo de leitura. Alguns me disseram que ficaram chocados demais para prosseguir, mas a maioria afirmou que adorou ler algo tão “diferente”. Isso há três anos. Hoje em dia, com a quantidade de literatura erótica que vem sendo publicada, acho que A Lenda de Fausto não choca mais tanto assim pelo erotismo, mas talvez pela temática.

Ricardo Haseo: A Lenda de Fausto foi o seu primeiro livro a ser publicado no formato físico. Foi difícil publica-lo ainda mais no tema dele que é tão diferente a que o mercado literário nacional está acostumado? 

Samila Lages: Foi bem mais simples do que eu imaginava, afinal, eu acreditava ser impossível, dado o conteúdo. Tudo se deu na Bienal de São Paulo de 2010, na qual eu me debutava no mercado editorial através de um conto que foi publicado em uma antologia de terror. Através dela que entrei em contato com os editores (eles haviam gostado muito do conto, e queriam saber se eu não tinha mais nada escrito), conversei com eles sobre o romance que eu tinha pronto, mas que não considerava “publicável”, por ser “pesado demais”. Eles ignoraram os rótulos que eu mesma havia colocada sobre minha obra e disseram para que eu mandasse o original. No dia seguinte assim o fiz e eles adoraram; em pouco tempo já estávamos fechando os detalhes da publicação, que se deu em 2011.

Ricardo Haseo: Como tem sido a resposta dos seus leitores? 

Samila Lages: Excelente! eu fico muito feliz quando vejo pessoas comentando sobre ele nas redes sociais, ou quando encontro alguma resenha pela internet. O mais legal é quando é alguém que também escreve fanfics.

Ricardo Haseo: A internet é uma grande porta para todos os tipos de artistas mostrarem seu trabalho de uma forma barata, rápida e efetiva; como você tem se utilizado deste meio? 

Samila Lages: Apesar de ter publicado o livro, eu continuo presente no universo fanfition. lá está minha paixão, pois foi lá que eu comecei e é de dali que a maior parte dos leitores me conheceu. As pessoas leem minhas fanfics e se interessam por minha escrita e, por sua vez, acabam por descobrir que tenho dois livros publicados.

Ricardo Haseo: Você tem algum novo projeto em mente?

Samila Lages: Tenho mais dois romances em produção, ambos protagonizados pelo Belial (personagem de A Lenda de Fausto) Ele é um personagem tão forte e carismático que eu não pude evitar criar mais histórias com ele, apresentando-lhe novas tramas, dilemas e amores. Desejo também publicar mais um livro de contos e poemas, ao estilo de Botos, Sátiros e Dragões.

Ricardo Haseo: Para finalizarmos, gostaria de deixar algum recado para seus leitores?  

Samila Lages: Sim, eu quero repetir o que me disseram quando eu estava com vergonha da minha primeira obra, “escondendo-a” sob um pseudônimo na internet e achando que jamais seria publicada: “não existe livro indecente, indecente é não ler”. Se você escreve também, não tenha medo nem vergonha, mostre seu texto ao mundo e permita-se sonhar.


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A acompanhe no facebook: Samila Lages



sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Entrevista com o autor Samuel Cardeal

Esta semana Ricardo Haseo entrevistou o escritor mineiro Samuel Cardeal, formado em ciências contábeis  e autor dos livros “Demônios Não Choram”, “Um Cântico de Silêncio” e “Flashback”. Conheça um pouco sobre suas metas, confira opiniões e informe-se sobre os novos projetos.


Ricardo Haseo: Fale um pouco sobre você, quem é Samuel Cardeal?

Samuel Cardeal: Sou contador por profissão — e necessidade financeira —, mas sempre fui apaixonado pela arte, em suas diversas formas. Depois de tentativas frustradas em bandas de rock, me inclinei à arte de contar histórias, primeiro com pretensões no cinema. Logo vi que era algo inviável e encontrei na literatura uma forma de contar as histórias que eu queria com uma independência e autossuficiência que não conseguiria em outros ramos. Ainda estou engatinhando na escrita, mas tenho dois livros publicados de forma independente e terei minha primeira obra publicada por uma editora, a Cata-vento, e já me arrisco a dizer que sou, hoje, um escritor, ainda que isso não me sustente.

Ricardo Haseo: Em que momento da sua vida e por qual motivo você decidiu tornar-se autor?

Samuel Cardeal: Há uns dois ou três anos atrás, enfiei na minha cabeça que iria ser cineasta. Pesquisei bastante a respeito e planejei estudos em várias áreas, desde animação stop-motion até o cinema convencional. Em certo momento, decidi escrever um roteiro, que viria a se tornar meu primeiro livro, “Demônios Não Choram”. No meio do processo, comecei a pensar no que faria com o roteiro pronto, e cheguei à conclusão de que aquilo era uma perda de tempo, algo que eu jamais teria grana para filmar, principalmente sabendo ser quase impossível conseguir patrocínio pelas leis de incentivo a cultura não sendo um projeto “Globo Filmes”. Como não queria abandonar a história, decidi tentar transformar a ideia em um romance. Foi aí que eu me encontrei, descobri que podia contar as histórias que habitam minha mente desconexa sem precisar de recursos financeiros que não tenho. Daí para cá, estou sempre escrevendo alguma coisa.

Ricardo Haseo: Como tem sido as respostas dos leitores?

Samuel Cardeal: A maioria das opiniões tem sido bem positivas, até mesmo aqueles que não gostaram dos livros por algum motivo, emitiram críticas que vêm me ajudando a melhorar como artista. A maior dificuldade tem sido fazer os livros chegarem aos leitores. A maioria repudia os e-books, que são bem baratos, e muitos ainda têm preconceito por ser nacional. Recentemente meu livro “Demônios Não Choram” recebeu uma boa avaliação na Amazon, e a leitora chegou a comentar, com as seguintes palavras: “fiquei muito espantada por ser literatura brasileira e ainda assim de um teor maravilhoso de ficção, aventura, suspense”. Fiquei feliz pela avaliação positiva, mas triste por constatar o quanto a literatura nacional contemporânea é marginalizada e tratada como produto de segunda qualidade. Mas, se meia dúzia de leitores gostarem do meu trabalho, será suficiente para que eu insista nele e tente sempre evoluir.

Ricardo Haseo: Todos os autores encontram dificuldades em certo momento da sua carreira. Quais foram as principais dificuldades que você enfrentou ou tem enfrentado.

Samuel Cardeal: A maior dificuldade, sem sombra de dúvida, é conseguir ser lido. Sem um “padrinho”, é difícil conseguir publicar por uma grande editora; sem uma grande editora, é dificílimo conseguir a publicidade necessária para ser notado. O mercado é como um óvulo, onde alguns espermatozoides possuem foguetes espaciais caros e luxuosos, e os outros milhares estão nus, e têm que brigar com unhas e dentes por uma brecha. A resistência de muitos leitores pelo formato digital dificulta ainda mais a vida do autor independente, que muitas vezes acaba financiando publicações de forma duvidosa e amargando pilhas de livros embaixo da cama.

Ricardo Haseo:  Você tem algum novo projeto em mente?

Samuel Cardeal: Tenho um romance inédito inscrito em dois concursos literários, estou aguardando os resultados para decidir como irei publicá-lo. No momento, estou escrevendo, em parceria com uma grande amiga, um livro sobre zumbis, passado todo no Brasil. Fora isso, tenho várias ideias para projetos futuros, devidamente anotados e aguardando o momento certo para serem executados.

Ricardo Haseo: Qual sua opinião sobre a chegada do mercado de livros físicos da Amazon ao Brasil?

Samuel Cardeal: Muito têm se comentado sobre isso. As livrarias acusam a Amazon de praticar uma concorrência predatória, com preços abaixo do mercado. Do ponto de vista do leitor, acho que é benéfico, visto que pode promover uma redução generalizada dos preços. Hoje o mercado já é dominado por grandes livrarias, e as empresas que atualmente dominam o mercado temem reduzir seus lucros. Não acredito que não possam competir com os preços da Amazon, apenas não querem que isso seja necessário. No entanto, olhando pelo lado dos novos autores não amparados por grandes editoras, principalmente os auto-publicados, fica complicado — mais do que já é — competir com livros impressos vendidos a R$ 9,90, já que as pequenas tiragens independentes encarecem bastante o custo da impressão. Porém, isso já acontece, e vemos frequentemente lojas online vendendo livros a preços inacreditáveis. Então, parece que, por enquanto, ficamos na mesma. O que torço para que aconteça é a vinda de uma plataforma como “Create Space” para o Brasil, assim os autores poderão publicar suas obras com impressão sob demanda e ainda assim ter preços competitivos

Ricardo Haseo: Para finalizarmos, gostaria de deixar algum recado para seus leitores?

Samuel Cardeal: Quero deixar um recado não só para os meus leitores, mas para todos os leitores, e ainda para os não leitores. A literatura é a forma mais barata e inteligente de conhecer novos lugares, novos mundos. Se você não tem o hábito de ler, procure por uma história que te atraia e tente. Para aqueles que já são leitores assíduos, peço que olhem para o nosso quintal antes de olhar para fora. Hoje contamos com novos autores fantásticos, a maior parte deles publicando suas obras por conta própria. Livro não é um produto, é arte. Então, não escolha um livro como quem escolhe uma peça de carne. E lembrem-se, por trás de uma capa tosca, pode haver uma história genial; e, por trás de uma capa genial, pode haver uma história tosca.

Os livros de Samuel Cardel estão disponíveis em sua versão virtual na loja da Amazon. Clique para comprar: Demônios Não Choram, Todo dia e dois de novembro, Um Cântico de Silêncio, Uma Morte, um pássaro e Rodas d'água.