segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Sua maior lição foi um sorriso.


Sua maior lição foi um sorriso. 


Por: Sophia Zeferino de Sovasti 








Um fato se torna importante quando passa a marcar, de alguma forma a vida a quem ele modifica. Em uma tarde o via tranquilo, com a saúde um pouco abalada, porém como sua alegria inatingível, os conselhos pesarosos e as belas palavras de conforto.



Um homem forte, com muitas batalhas vencidas; ainda quando criança enfrentou a triste realidade da fome que assombra a muitos brasileiros, cresceu movido a princípios e a esperança que tudo fosse melhorar. A luta parcial de sua vida em um leito de um hospital despertou o sentimento mais incompreensível de todos, “medo”: O medo de perder os conselhos e as ideias mirabolantes de como fazer as crianças pararem de correr pelo quintal, as musicas e historias inventada para fazer o sono aparecer mesmo quando ele insistia em se esconder. Tudo podia ser tristemente quebrado por uma enfermidade; a luta quando sua memória começou a falhar e tudo que ele dizia era incompreensível. A meus olhos, vê-lo fragilizado me ensinou muitas lições, entre elas que nem tudo o que acreditamos ser inquebrável realmente é.



O leito que parecia inquebrável não foi capaz de derrotá-lo e mais uma vez me vi orgulhosa, por sua vitória, por sua sanidade estar de volta, orgulhosa por mais uma vez ele quebrar aquilo que todos disseram ser seu fim. Meu amigo e companheiro estava de volta, e agora parecia que a vida a ele também ensinara lições; meu sonho de criança voltava a estar ainda mais palpável, pois ele era minha fortaleza. Durante a semana seguinte tudo aos poucos foi voltava ao normal, à mesma vizinhança cheia de crianças, os mesmos horários escolares; minha alegria sempre se renovava ao voltar para casa e encontrá-lo sentado em frente ao portão, já com uma cadeira ao lado e uma cuia de chimarrão nas mãos, naqueles poucos minutos que andava da rua até o homem ali sentado eu refazia tudo que aconteceu no meu dia para poder contar a ele, sem omissões sem segredos, pois naquela cadeira estava meu melhor amigo, aquele qual tinha certeza que jamais me julgaria.



Seus conselhos naquela Sexta feira (02/03/2008), foram diferentes: ele me preparava para um futuro, me dava conselhos como se ele não fosse estar ali amanhã. Minha cabeça girava a mil, pois havia então uma possibilidade de ele não estar ali amanhã, eu me forçava acreditar veemente a não acreditar. Nossa conversa ficou séria de mais, aquilo era estranho o assunto entre nós era sempre leve. Aquele dia estava chegando ao fim a noite começa a emergir por de trás da fabrica e nos recolhemos, todos me interrogaram, pois naquele dia a conversa estranha que tínhamos tido mais cedo se repetiu com toda a família, o fato foi esquecido enquanto o víamos dançar com uma vassoura no meio da sala sem ao menos haver alguma música tocando, e assim a noite está decorrendo tranquila, o sono fez com que todos se retirassem, eu como costume fiquei pela sala fazendo alguma futilidade qualquer. A madrugada havia chegado e ainda estava ali sentada como um livro na mão e o radio tocando baixo, quando ele saiu de seu quarto e brincou pela sala voltando mais tarde a retornar ao seu sono, aos poucos a penumbra da sala tomou conta de meus olhos e os fechei para abri-los em seguida ao som de um grito.



Hoje aqui escrevendo este texto posso afirmar o grito que havia ouvido, era o grito agoniado de minha mãe diante do corpo sem vida de meu pai, ele morreu tranquilo, ainda como o sorriso brincalhão em seus lábios, o que posso dizer que sentia naquele momento? Dor, magoa e raiva, afinal ele havia me deixado, palavras não seriam capazes de explicar o que senti ou o que vivi naquele pequeno instante.



Um fato para se tornar importante em sua vida deve realmente modificá-la de algum modo, eu aprendi com a morte, cresci com os conselhos daquela tarde em minha memória, me tornei melhor, mais obstinada, aprendi a lutar, porque mesmo em seu leito de morte meu herói dormiu eternamente sorrindo.




Obs. História real. Relatos de uma amiga sobre a morte de seu amado pai. Transcritos em forma de homenagear a mesma como parte do exercício sendo narrado em 1° pessoa.

Imagens tiradas da internet.

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